quarta-feira, 28 de abril de 2010

Capitão de areia (Pedro Abrunhosa)

terça-feira, 27 de abril de 2010

Carta do escaravelho Baltasar Bartolomeu (antecipação ao vídeo)

Terra das sete luas, 27 de Abril de 2010


Queridos alunos de 4º ano,

Apresento-me, sou um Scarafaius e é sempre com alguma vaidade que digo o meu nome. É assim que os cientistas nos chamam. Acho que até nos dá um ar mais importante.

Mas devem estar certamente a interrogar-se sobre o propósito da minha carta, pelo que passo a explicar-vos.

Quero apenas contar-vos o que presenciei certo dia e falar-vos de um menino e de uma flor, mas não uma flor qualquer, da maior flor do mundo. Conseguem imaginar o seu tamanho? Por muito que pensem, o seu tamanho seria sempre maior do que alguma vez poderiam imaginar.

A história sucedeu mais ou menos assim.

“ Enquanto eu andava nas minhas andanças habituais, ele registava tudo o que conseguia descobrir no seu pequeno bloco. Há pessoas assim, muito curiosas que passam tempos infinitos em observações. Todos os nossos movimentos são registados. Nada lhes escapa, mesmo quando parecem duvidar, espreitam-nos mais cautelosos com um olho gigante que retiram do bolso. É verdade, há sempre alguém que acha piada ao que fazemos. Pelo que eu prossegui, vaidoso, a empurrar a minha bola, de um tamanho já considerável. (somos verdadeiros artistas, por acaso sabes de que serão feitas as nossas bolas?)
Mas nesse dia fomos interrompidos pelo ruído de um carro e ele deixou de prestar-me atenção, ele que até parecia deliciado com a minha habilidade.
Do carro saíram duas pessoas, um senhor e um menino, pelo que deduzi tratar-se de pai e filho. Como todos os meninos são curiosos, eu atraí inevitavelmente a sua atenção. Mas vi logo que no seu olhar havia outra intenção. E não me enganei. No instante seguinte estava na palma da sua mão e nem o meu aspecto, que muitos consideram assustador, o dissuadiu. Não me deram tempo para nada, nem sequer pude arrumar a minha bola, que tanto trabalho me tinha dado.”


Esta é a minha ocupação habitual e duvido que saiba fazer outra coisa. Procuro enrolar bolas cada vez maiores. E não julguem que é fácil! É como agora, em que procuro enrolar palavra a palavra para vos retratar esta bonita história.

Mas há também quem considere que não passamos de uns porcalhões por causa deste hábito. Mas eu respondo que este é o nosso jeito de ser! (Eu até gosto e muito!)

Mas não foi para me justificar que resolvi escrever-vos esta carta. Onde é que eu ia…

“Na palma da sua mão fingi-me de morto mas de pouco adiantou. A sua curiosidade era tal que não se importou, como se pressentisse que era tudo a fingir. Quando dei por mim estava dentro de uma caixa. Ele, caçador habituado, vinha preparado para umas eventuais capturas. Teve o cuidado de fazer uns furos para que não me faltasse o ar. Mas não era o ar que me poderia faltar, era a minha bola! Mas mesmo assim, logo eu, que em tempos que já lá vão era considerado e usado como amuleto da sorte. Sem saber para onde me transportavam, fiquei bem quieto durante a viagem para o caso de ele mudar de ideias.
Passado algum tempo, não sei quanto ao certo, o carro parou, as portas bateram e ouvi-o dizer qualquer coisa para a mãe. Consegui perceber que ele estava feliz com a sua descoberta e que a queria partilhar com ela. Vendo que não se importavam com o seu achado, decidiu verificar o estado em que eu me encontrava. Claro, pelo sim pelo não, continuei a fingir-me de morto. De olhos fechados, percebi que ele estava abrir a caixa. Entreabri um olho sorrateiramente e descobri uma pequena abertura. Era apenas suficiente para que conseguisse sair. A minha fuga tinha de ser rápida e de um salto consegui escapulir-me são e salvo. Ainda bem que consigo voar. Tentou apanhar-me de um gesto rápido mas já era tarde.

Ainda me lembro dele hoje. Era um menino muito teimoso e pelo que ouvi (porque nunca mais o vi desde então) assim se mantém! Adivinhem do que haveria de lembrar-se? Eu já tinha uma vantagem considerável, dificilmente me alcançaria. Desobedecendo às recomendações, galgou a pequena parede do pátio para se aventurar atrás de mim. Senti-me como se fosse um forasteiro!

Mas como dizia, "era tarde demais para me alcançar. Mas que obstinado que ele era. Passado algum tempo consegui finalmente ver-me livre dele, ou pelo menos assim julgava eu! Agora tinha de recompor-me e recomeçar o meu ofício. (temos um segredo, juntamos-lhe barro para as tornar maiores. Quem não tem segredos?
Comecei então a enrolar uma pequena bola quando para meu espanto o vejo diante de mim. Outra vez não! Mas que perseguição. Curiosamente, desta vez não estava interessado em mim e vi-o percorrer o caminho, de lá para cá e de cá para lá, vezes sem conta. Levava nas suas mãos, pequenas quantidades de água. Para que quereria a água? O que estaria a aprontar?
De qualquer maneiro preferi esconder-me debaixo de uma folha e fui observando até que, depois de tantas viagens adormeceu, exausto.

Não vos posso revelar, para já, o que andava a fazer, quero deixar que sejam vocês a descobrir. Ainda nos cruzamos uma última vez. Recordo-me de o ver, passeando com o pai e a mãe, do valente susto que me pregaram e de o ver acenar-me com a mão, como quando se avista um amigo. Eu ainda lhe disse: -Sou teu amigo, não estou zangado contigo! Fiquei a olhá-los à medida que se afastavam. Desde então nunca mais o vi."

Desculpem esta carta tão comprida, demorei-me mais do que esperava. Deixei-me levar por esta história tão extraordinária. A forma com cuidou dela foi um exemplo merecedor de qualquer distinção. Depois de ver o filme, todos perceberão melhor quem sou e porque vos peço que contem esta história! Falem desse menino e da maior flor do mundo.


Fico à espera que me enviem a vossa história e deixo-vos a minha morada:

Baltasar Bartolomeu
Praça das passarolas, n.º12
2000-032 Terra das sete luas

Despeço-me de todos vós com carinho e amizade.
(texto escrito por Valter Pereira)

A maior flor do mundo - José Saramago

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Há livros onde cabem cidades!!

Tudo começa com uma igreja e o seu campanário, tão alto que é visível de bem longe.


Ergue-se uma grua, a comunidade cresce...



Hoje é uma cidade incapaz de parar o seu ritmo frenético. Os lugares vazios são rapidamente preenchidos...



Uma cidade dentro de um livro...


POPVILLE, Anouck Boisrobert, Louis Rigaud

E se tudo começasse com...ERA UMA VEZ...

Era uma vez… assim começaria a história, como um conto infantil, uma narrativa capaz de nos levar a lugares onde tudo se torna possível… longe, bem longe daqui… embora esses Lugares não sejam muito diferentes do nosso quotidiano… para lá do bosque, escondido atrás das montanhas… bem à vista dos mais observadores… Um lugar único e mágico onde ainda sobrevivem seres fantásticos… Embora haja quem diga e acredite que lugares como este não existem mais ou nunca existiram…

Quase todos perceberiam a história se a lessem: a simplicidade do enredo, a autenticidade das personagens e o realismo das paisagens, confeririam a esta história, detalhes claros de entender. Nem sequer teriam tempo de se interrogar. Poderia haver ainda nesta história uma mensagem simples cujo alcance não teria grandes repercussões. Chego a pensar como alguém ousou escrever esta história!


Valter

terça-feira, 20 de abril de 2010

Porque gosto de ler...simplesmente!